domingo

Hello Stranger

Bianca Alves

Cientistas inventaram uma água seca, o Nem da rocinha veste Armani, tão reprisando Hilda Furacão num canal fechado, um dos mineiros presos no Chile pediu a namorada em casamento(mexeu comigo), Rubinho sai no seu 300º GP, Serra ainda tenta ser popular, Dilma já vendeu bugigangas e 'Cavaleiros do Zodíaco' no RS, Chávez acusa mídia dos EUA de campanha contra seu governo, mega-sena pode pagar R$ 70 milhões...

Assim me informo do mundo e me desaprendo, desprendo de você, meu melhor livro dos últimos tempos, a cena mais bela que eu vi saiu dos teus passos, tens uma constelação de pintas invejável, seus cachos contam histórias nossas, suas unhas guardam minha pele, seus pés secos, longos, não me seguem mais, perdemos, nos perdemos

Num amontoado de enganos, desencontros, e palavras tortas, cruéis, palavras que no fundo do tudo,de tudo, pretendiam ser beijos

É certo que a mágica acabou, que a minha viagem foi a última, que os sonhos e planos foram empacotados e jogados num lugar longínquo e escuro

É certo que minhas palavras não te tocam mais, nem poderiam, escrevo apenas para expulsa-lás, para que alguém me sinta, me escute
Escrevo para confessar a um estranho coisas nossas, já que eu perdi a intimidade da palavra contigo, vou derramá-la em outros ouvidos...

Estranhos, Entendam...

"quando eu sair daqui, compramos o vestido e nos casamos.”

4 comentários:

  1. Se entender deixa de ser estranho?...Eu acho que te entendo,que me entendo

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  2. Incríveis palavras, Bianca!
    Simplesmente doce, a não ser pelo fato do "nos perdemos...", mas faz parte do drama, do amor, da vida. Daquilo que tivemos por alguns anos, meses, horas, minutos ou miléssimos de segundos.
    Me pergunto sempre, por que a perda?
    Difícil encontrar resposta, mas disso tudo se pode tirar vantagem...
    Inspiração para escrever, mesmo que essa seja para estranhos... rsrsrs!

    Um abraço,
    Cácian Castro

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  3. Tristes confissões poéticas. Talvez como nunca eu tenha lido aqui. A cada palavra que expulsamos, mandamos junto e embora um "demônio"... Desejo que após tudo, o que permaneça seja a sua essência.

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""Erótica é a alma""

Adélia Prado