quarta-feira

Matando a Madame Bovary

Bianca Alves

Lendo Flaubert, Madame Bovary, um clássico da literatura universal, comecei a me perguntar, até quando vai o amor? O amor mesmo, nu, sujo e imperfeito, Bovary é uma moça que cresce lendo romances, casa com um homem comum, despido de poesia, um homem bom, mas, real.
Ela, infeliz, procura o amor em outras bocas e morre sem encontrá-lo.
Conviver com o real dói, o real aniquila as histórias das nossas construções poéticas, o príncipe, o Romeu de Shakespeare, o Florentino de Gabriel Garcia Marquez, e tantos homens e mulheres que a literatura, a música e o cinema criaram, nos fizeram exigentes demais, temos olhos viciados no amor romântico, precisamos lavar a palavra, despir o corpo do corpo esperado, como diz Adélia Prado, “De vez em quando Deus me tira a poesia. Olho pedra, vejo pedra mesmo”, é preciso olhar a pedra, amar a pedra, imóvel, estática, sem função, é preciso se encantar com o homem comum, aprenda, poesia se vier, será de vez em quando, inesperada e sem rimas, será uma conversa cansada depois do trabalho, um beijo com gosto de ontem, o amor, segura suas mãos pra atravessar a rua, atravessar a vida, tá naquele doce que você gosta na geladeira e que ele/ela, não esquecem de comprar,nem todo amor é trovador, ele pode ser silencioso, é preciso estar atento as suas aparições e sinais.
Perceba! ele pode tá  tão dentro, alojado e pode ser tão grande que você ainda está o esperando...

EI!!! Isso que você tá vivendo aí...

JÁ PODE SER O AMOR!

Um comentário:

  1. Oi Bianca,
    Bovary preencheu o vazio que habitava dentro de si. Mas o preço que lhe foi imposto foi alto.
    É sempre assim, as flores possuem espinhos.
    Abç

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""Erótica é a alma""

Adélia Prado