quarta-feira

Claro, claros

Bianca Alves

S   São tantas ideais soltas, tantos achismos, abismos, ismos, conjecturas, rompimentos, são novas visões, e um certo despreparo diante do novo, não que eu queira uma fórmula, um jeito mais fácil de chegar, de entender, mas, quem sabe um roteiro, com falas menos confusas, e algo certo, mais certo, logo ali, escrevo mesmo é pra confundir, pra perturbar, pra desfazer, pra fazer você ai, você mesmo, pensar, será?  É com você que eu falo, você que não questiona nada, que grita no twitter e acha que tem voz, que produz fotos de uma falsa alegria em alguma rede, não na rede olhando o céu, você que não tem paz, dói, você real é tão pobre, sem corretivos, sem o rosto trabalhado no photoshop, você , você que não rompe com um amor cansado, saiba, você perdeu, e amores,amores meu bem, são apostas, apostas nossas, não se admite perder tamanho investimento, como é que fulano foi capaz de me deixar, logo eu, que me perfumo toda, que alinho os cabelos só pra ele bagunçar, que deixei as cochas torneadas pra parecer com a daquelas moças, aquelas que poucos tocam e todos querem, leia por ler, eu só preciso falar, ando transpirando palavras, me deixe expulsá-las, pulsá-las, pulá-las, leia sem nenhuma pretensão, não sei nem como eu vou acabar o texto, já que todo rompimento dói, o finalizarei, logo mais, com três pontos e voltarei a ele, com algumas críticas e uma vontade de rasgá-lo na tela, estive pensando, a poesia só mora no papel manchado,rasurado e na letra arredondada do amante, é preciso se fazer entender, deixar o amor claro e desposá-lo somente no escuro, deve ser por isso, que finalizamos as cartas de amor com perfumes, é preciso levar cheiros e penetrar o outro com a nossa ausência. Comprei uma maquina de escrever (risos), uma Remington linda, vou catar palavras nela e escrever para o ser que amo, muitos dirão que sou nostálgica, romântica, sei lá, sei lá o que sou, só quero catar cuidadosamente palavras de afeto, as mesmas, não se escreve diferente sobre o amor, o conteúdo do amor é que é diferente, nunca o repeti, não cometeria tamanha indelicadeza, amo, e é inédito o meu querer, então me queira, e quando se cansar, não espere o meu cansaço pra ir, vá, amores são livres, os que passaram por mim já adormecem em outros braços e fazem novas promessas, será sempre assim, é claro, claro amor,  que quero quietar meu corpo no seu e me embolar nos seus desenhos e beijar seus cabelos claros, e demorar, de morar, morar, orar, ar, anos no seu peito (...)

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""Erótica é a alma""

Adélia Prado