quinta-feira

o mito da caverna - Final

Bianca Alves

Terminou!
Todos os 33 mineiros... saíram da caverna de Platão, o mundo voltou a ter cores para os homens de fé, alguns chegaram calados, abraçaram e não abraçaram ninguém, é difícil tocar o real quando ele é bom, outros saíram eufóricos, traziam no peito um grito calado e o nome de um país esperando, esperança,  chorei, os discursos deixaram de ser válidos, a imprensa tentou explicar, dar voz a emoção, ei! silêncio, a imagem fala, quanto entusiasmo (palavra bonita, que significa theos» e «asm». «Theos» é Deus, «en» é um prefixo que significa dentro e «asm» designa em ação. Portanto, literalmente, entusiasmo significa ter  um Deus dentro de nós), o senhor se ajoelha e agradece, o presidente ensaia um discurso para entrar para história, jornalistas tentam fotografar o único, captar a lágrima com zoom, um dos homens é recebido pela amante (aquela que ama, que se mostra, que é julgada), a esposa( fica em casa, cuidando das coisas que ele gosta, preparando o melhor prato, vestida com a  roupa de domingo), não cabem julgamentos, não os meus. 
E como ficou a moça que recebeu o pedido de casamento?, "...Quando eu sair daqui, compramos o vestido e nos casamos.” agora faz planos, sairá em breve pra olhar vestidos, como diria Adriana Falcão, “N de "noiva", moça que geralmente usa branco por fora e vermelho por dentro”, o mundo viu o Chile, dos Allende, Neruda, de perto e gostou, a caverna nos aproxima...

Quantos não estão em suas cavernas agora?

Esperando alguém que o salve da escuridão
um bilhete com um pedido de casamento
uma crença qualquer
um sentido pra morte das coisas
um amor que fique
uma alegria que demore
uma fome inédita do outro
um abraço que cure
um adeus que deixe de acreditar no fim
um Deus que me olhe nos olhos e compreenda que os amores me escolheram e que aquele ser de cachos, pintas e formas...
 Pode me tirar daqui...

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Adélia Prado