terça-feira

Tomar partido

Bianca Alves

Resolvi falar sobre a matéria que mais gosto, muitos pensarão em literatura, outros também pensarão em literatura, mas, alguns, os mais íntimos lembrarão da minha construção humana por meio da política, isso mesmo, política, os primeiros livros que me foram apresentados ainda na adolescência foram as biografias políticas, Fidel, Che, Olga, Lênin, Rosa Luxemburgo e Max e tantos outros, pra te inteirar um pouquinho mais sobre essa história, eu posso te falar do meu aniversário de 15 anos(já se passaram 15, meu Deus), onde fui acordada pelo meu pai com músicas de Geraldo Vandré e com um livro inesquecível, O Diário de Che na Bolívia, hoje penso no quanto isso influenciou minhas paixões, foi por meio dessas biografias carregadas de armas e dores que eu encontrei a literatura, alguns perguntarão como? E eu direi.
Além de gostar de história, dos acontecimentos, dos discursos, eu gostava das cartas, principalmente das cartas de amor, escritas e trocadas na clandestinidade, nos presídios, nas últimas horas depois de longas torturas, meus heróis  relembravam seus velhos e tristes amores ceifados, como nas cartas de Olga Benário ao seu garoto Luís Carlos Prestes, que contavam com tamanha dor, suas histórias, seus amores interrompidos pelas guerras bestiais, pelas raças que nunca existiram(arianas), pela manutenção do ego, esses amores belos, fortes, foram gastos apenas pela tinta da caneta.  Techo da carta de despedida de Olga Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Conformar-me-ia, mesmo se não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso.”
Da política para a poesia foi um pulo, minhas causas não mudaram, se enraizaram em mim e me tornaram mais humana, mais frágil diante da tristeza do outro, da fome do outro, do medo do outro, eu me filiei ao meu partido também aos 15 anos, próximo dos 16, um amigo do meu pai foi filiá-lo e eu falei com ele 'companheiro, eu também quero', ele me sorriu e disse que eu não tinha idade, eu então entrei no meu quarto, me armei com uma poesia e fui pra sala, ler poesia como quem lê discurso, ele me olhou nos olhos e me entregou uma ficha extensa, estava me filiando ao PT, com uma fome voraz de mudar a história do outro por meio do discurso, da realização e da poesia.  Já se passaram 15 anos, eu mudei, meu partido mudou, elegemos um torneiro mecânico apaixonado presidente, nos decepcionamos com alguns companheiros, hoje somos 1,4 milhões de petistas, alguns apaixonados, outros interesseiros, ainda existem xiitas, outros acreditam em alianças e acordos, EU, Bianca Alves, ainda carrego a minha bandeira com a mesma paixão de outrora, com a mesma força do discurso poético lido por mim aos 15 anos,a minha bandeira carrega a mesma força da primeira bandeira costurada e cortada pela primeira dama Marisa Letícia, quem me acompanha por meio do blog deve estar se perguntando o que eu quero com esse texto, respondo, eu estou me posicionando diante das coisas em que acredito, estou tomando partido, por isso vou ajudar a eleger a primeira mulher presidente do Brasil, não por ser mulher, nem feminista e sim por acreditar na sensibilidade feminina para cuidar do Brasil, transformar o Brasil e dar continuidade ao trabalho dele, Luiz.


Fazem só 76 anos que a mulher brasileira ganhou o direito de votar nas eleições nacionais, agora em 2010, uma mulher forte será presidente de um Brasil mais forte ainda.

Até a vitória, Dilma


Não sou matrona, mãe dos Gracos, Cornélia,

sou é mulher do povo, mãe de filhos, Adélia.
Faço comida e como.
Aos domingos bato o osso no prato
pra chamar o cachorro
e atiro os restos.
Quando dói, grito ai,
quando é bom, fico bruta.
As sensibilidades sem governo.

Adélia Prado

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""Erótica é a alma""

Adélia Prado