sábado

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E. E. Cummings, in "livro de poemas

A função do amor é fabricar desconhecimento (o conhecido não tem desejo;mas todo o amor é desejar) embora se viva às avessas,o idêntico sufoque o uno a verdade se confunda com o acto,os peixes se gabem de pescar e os homens sejam apanhados pelos vermes(o amor pode não se importar se o tempo troteia,a luz declina,os limites vergam nem se maravilhar se um pensamento pesa como uma estrela —o medo tem morte menor;e viverá menos quando a morte acabar) que afortunados são os amantes(cujos seres se submetem ao que esteja para ser descoberto) cujo ignorante cada respirar se atreve a esconder mais do que a mais fabulosa sabedoria teme ver (que riem e choram)que sonham,criam e matam enquanto o todo se move;e cada parte permanece quieta: pode não ser sempre assim;e eu digo que se os teus lábios,que amei,tocarem os de outro,e os teus ternos fortes dedos aprisionarem o seu coração,como o meu não há muito tempo; se no rosto de outro o teu doce cabelo repousar naquele silêncio que conheço,ou naquelas grandiosas contorcidas palavras que,dizendo demasiado, permanecem desamparadamente diante do espírito ausente; se assim for,eu digo se assim for— tu do meu coração,manda-me um recado; para que possa ir até ele,e tomar as suas mãos, dizendo,Aceita toda a felicidade de mim. E então voltarei o rosto,e ouvirei um pássaro cantar terrivelmente longe nas terras perdidas. "

Um comentário:

  1. hahaha...que bom! Eu também já fiquei algumas horas lendo o seu, viciante!

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""Erótica é a alma""

Adélia Prado