segunda-feira

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Bianca Alves E assim você cresce
pedindo o mesmo alimento que a flor exige do jardineiro
palavras e necessárias solidões
é preciso ser inteiro pra sentir saudade
metades revelam seres carentes e limitados de vôo
confesso que tenho aversão ao encontro das palavras "alma gêmea" a cumplicidade da flor e do jardineiro não é de "alma gêmea", encontros cósmicos, proféticos e abissais
Gosto de pensar no desapego da flor que não precisa dos olhos do jardineiro pra acordar bela e invadir seu quarto com novos cheiros
e no cuidado do jardineiro que alimenta sua indiscutível beleza(flor) com longas conversas e canções que pretendem ser beijos
a beleza da troca é que ele(o jardineiro) não cobra de sua amada(flor) respostas e qualquer sentimento de gratidão(palavra quase religiosa, divina, logo, não toca o amor humano)
Assim imagino tua beleza caminhando pelas ruas
sem meus olhos
ai na distância
nas terras que te viu nascer
te alimento de algumas poucas palavras e te espero com a ansiedade da flor
não te prometo o fim da dor, nem romper com nossas solidões necessárias
é sábio ser só e completo
Quando você vem é só saudade que não morre
mas
também não mata
Te abraço e no silêncio onde não cabem palavras
Penso
é bom viver




Assim te amo com a cumplicidade do jardineiro e da flor,
nos casamos quando nos conhecemos

Um comentário:

  1. Que lindo, Bi!!
    Que lindo...

    Bom, queria dizer que minha dor é literária, todavia, não... Não é!

    Fico feliz com tua felicidade... Acredite!!

    Um beijo, querida!

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""Erótica é a alma""

Adélia Prado