segunda-feira

SOLIDÃO A DUAS VOZES

Fabrício Carpinejar

Eu esmolo o passado como meu futuro.
Obedecia a rapidez do sangue.
Antes de apodrecer a luz, engolia tua altura de árvore.
Eu te vi dormindo ao meu lado, suspiro da planura.
Eu lia tua nudez dormindo mais do que o livro.
A lamparina da lã.
Folheava as páginas com tua respiração.
Fazia culto das chuvas.
Pássaro saudoso do impulso.
Balançava os ouvidos em tua altura de árvore.
Faria rédeas da forca em tua altura de árvore.
Tua pele de pão molhado.
Teu tronco firme como dentes.
E as limas dos joelhos banhados de sol recente.
Converteu-se em vapor, o espelho, seguindo a névoa da bacia.

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""Erótica é a alma""

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