"Não sei se minhas pinturas são ou não surrealistas, mas, do que tenho certeza é que são a expressão mais franca do meu ser". ''Algum tempo atrás, talvez uns dias, eu era uma moça caminhando por um mundo de cores, com formas claras e tangíveis. Tudo era misterioso e havia algo oculto; adivinhar-lhe a natureza era um jogo para mim. Se você soubesse como é terrível obter o conhecimento de repente - como um relâmpago iluminado a Terra! Agora, vivo num planeta dolorido, transparente como gelo. É como se houvesse aprendido tudo de uma vez, numa questão de segundos. Minhas amigas e colegas tornaram-se mulheres lentamente. Eu envelheci em instantes e agora tudo está embotado e plano. Sei que não há nada escondido; se houvesse, eu veria.''
''Estive doente durante um ano: 1950-1951. Sete operações na coluna. O Dr. Farill salvou-me. Restituiu-me a alegria de viver. Ainda estou numa cadeira de rodas e não sei quando poderei voltar a andar de novo. Tenho um colete de gesso que, em vez de ser horrivelmente 'maçador', me ajuda a suportar melhor a coluna. Não sinto dores, só um grande cansaço... e, como é natural, por vezes desespero. Um desespero indescritível. No entanto quero viver. Já comecei o pequeno quadro que vou dar ao Dr. Farill e que estou fazendo com todo meu carinho por ele.''
"Amputaram-me a perna há 6 meses,
deram-me séculos de tortura e há momentos em que quase perco a razão.
Continuo a querer me matar.
O Diego é que me impede de o fazer,
pois a minha vaidade faz-me pensar que sentiria a minha falta.
Ele disse-me isso e eu acreditei.
Mas nunca sofri tanto em toda a minha vida.
Vou esperar mais um pouco...".
deram-me séculos de tortura e há momentos em que quase perco a razão.
Continuo a querer me matar.
O Diego é que me impede de o fazer,
pois a minha vaidade faz-me pensar que sentiria a minha falta.
Ele disse-me isso e eu acreditei.
Mas nunca sofri tanto em toda a minha vida.
Vou esperar mais um pouco...".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
""Erótica é a alma""
Adélia Prado