segunda-feira

Lya Luft

"Se me quiseres amar,/ terá de ser agora: depois/ estarei cansada./ Minha vida foi feita de parceria com a morte:/ pertenço um pouco a cada uma,/para mim sobrou quase nada". Mesmo sabendo que as palavras riem dos poetas, ao colocá-las num poema é como se as domasse transitoriamente: está no seu poema "Limites": "Abro a gaveta, e salta uma palavra: / dança sedutora sobre o meu cansaço, / veste-se de indefinições, vagueia / no labirinto das ambigüidades. / Acha graça de mim, que espero à frente / encontrar a solução dos meu enigmas. / Tento uma geometria que a contenha / no espaço entre dois silêncios quaisquer, / mas ela decide meus passos; peso de fruta / no sono da semente, assiste à minha luta / quando a desejo aprisionar, e às vezes até finge / que sou eu a senhora, a domadora, a fonte, / As palavras riem dos poetas, pois são livres; / nós, mediação incompetente."

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""Erótica é a alma""

Adélia Prado