quarta-feira

enterrado vivo



Jefferson Vasques

eu poderia esta dentro de algum lugar
escondido
sozinho
e mesmo assim vivo
estar dentro e vivo
como se tudo pudesse ser evitado
mas visto
estar dentro
mas nao tao completamente
ao ponto de ser ejetado do outro lado
avesso
onde a poetica se transforma em patos
patetica
risivel
e ali ficar
como quem colhe galhos secos e duros e sem valor
como quem colhe caixas de remedios perdidas
e cheias de suas tarjas vermelhas
como quem colhe amendoas
só porque acha lindo o som dessa palavra
como quem colhe aspargos
como quem colhe besouros que andam pelo asfalto
como quem colhe alhos
como quem colhe pelos do cu caidos no mato
como quem colhe o proprio mato em sua essencialidade
como quem colhe o vento
como quem colhe o mesmo vento volta e meia
como quem colha o úmido pressentimento de antes da chuva
como quem colhe brincos perdidos
como quem colhe arrotos de mendigos
como quem colhe flores dos velórios caídas do túmulo
e assim como quem colhe
nada que sirva
ficaria ali
fechado
olhando a vida
colhendo suas frestas
suas cascas de feridas
visícula
seu escondido dela
e ela
esquecida de mima
guardaria
assim
com paciência
infinita
o momento
en
fim
de minha
ressurreição

Conheça o poeta!
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""Erótica é a alma""

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