segunda-feira

Bianca Alves
Tinha pouco espaço, era seco, vazio e disforme, não era mais fecundo para o amor, descrente, alguns até diziam que era ateu (formado pelo prefixo grego a-, significando "ausência” palavra triste), durante anos, freqüentou o templo (o templo do amor), era assídua das escrituras sagradas, conhecia e seguia seus discípulos: Neruda, Drummond, Adélia, Florbela, Clarice Lispector, Carpinejar, Cecília, Rubem Alves, Caio Fernando Abreu, Gabo, Hilda Hist, Machado, Eduardo Galeano, Saramago, Chico Buarque e tantos, tantos outros, sagrados e profanos, apócrifos(não reconhecidos) e os inspirados por Deus, vivia com entusiasmo(que vem do grego: “enteosmos, en é em, teos é deus” que significa "ter um deus dentro") e acreditava no amor como uma possibilidade, era fácil abraçá-lo, tocá-lo e transformá-lo.

Depois de anos e anos de estudos, aspirações, suspiros e teorizações sobre o amor, ela resolveu sair do templo e se despiu de tudo que pensava saber (não se sabe no amor) e foi ao encontro do outro no outro, nessa incursão pela pele, pelo gosto, pelo gozo, pelo cheiros, olhares e impressões, percebeu que existia uma outra língua (que não estava nas escrituras e era fascinante não compreender) entendeu que o corpo era um milagre e lembrou de Eduardo Galeano O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa.”

Depois de muitas bocas, noites em claro e todas as posições do Kama Sutra e promessas de amores eternos, ela viveu também relações de posse, poder, propriedade(não se limita o ser amado), mentiras e dependência, desacreditou e voltou para os poetas, viver doía.

Depois de meses e meses
nesse terreno de impossibilidades
nesse corpo sem música
sem dar luz a nada
de forma inesperada
você cresceu em mim
e me fez acreditar de novo
volto ao templo de mãos dadas com você.


(A.T e D.T)

2 comentários:

  1. Dizer que fico fascinada com tua escrita? Pouco!
    Fiquei por alguns minutos procurando letras que imprimissem a emoção que o texto me provocou... Mas, nada! Me vi impotente diante da sua criação, por bela demais, ser!
    Muito bom, amiga!
    Bjo! :)

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  2. Anônimo1.4.09

    olá Bi, cada dia admiro esse seu talanto na poesia, retratando o mais sublime dos sentimentos , O AMOR, saudades bjao da Liana(tia da Renata Dantas)

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""Erótica é a alma""

Adélia Prado