sexta-feira

Cartas

De: Camille
Para: Rodin
Auguste Rodin e Camille Claudel : mestre e aluna, amantes e amigos, suas obras são tão próximas que nos confundem de um jeito fascinante e único.

Senhor Rodin,

Como não tenho nada para fazer, estou lhe escrevendo mais uma vez. Não pode imaginar como está bonito o tempo em Islette. Hoje comi na sala do meio que serve de estufa, de onde se vê o jardim dos dois lados. A sra. Coucelles me propôs (sem eu ter lhe dito absolutamente nada) que, se fosse do seu agrado, você poderia comer aqui de vez em quando, e até mesmo sempre. (Creio que ela tem muita vontade que isso aconteça.)

E é tão bonito, e é tão bonito. Tenho passeado no parque, tudo está podado, feno, trigo, aveia, dá para andar por toda parte, é um encanto.

Se você for bonzinho, e cumprir sua promessa, vamos conhecer o paraíso. Você terá o quarto que quiser para trabalhar. Acho que a velha vai adorar. Ela me disse que eu devia tomar banho no riacho, onde a filha dela e a empregada tomam banho sem perigo nenhum. Com sua permissão, farei a mesma coisa, pois é um grande prazer, e isso me permitirá deixar de ir aos banhos quentes em Azay.

Você seria muito gentil se me comprasse um pequeno traje de banho azul-escuro com debruns brancos, de duas peças, blusa e calça (tamanho médio), de sarja, no Louvre ou no Bon Marché ou em Tours!

Eu durmo nua para imaginar que você está aqui... nuazinha... mas, quando acordo, não é mais a mesma coisa.

Um beijo

Camille

Sobretudo não me engane mais.

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Adélia Prado